Eu tenho medos bobos e coragens absurdas. Eu vivo cercada de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível. Eu preciso de sal e açúcar para não virar os olhos de pressão baixa e hipoglicemia.
Escrevo por três motivos simples: preciso aparecer e não sou bonita o suficiente, preciso matar o tempo e preciso não morrer. Sou fútil, entro em pânico pela moda, mas meto um chinelinho pra parecer desencanada. Sou romântica, entro em pânico por não ser amada. Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei momento é esse. Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais.
Eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa irônica. Eu tenho uma risada escandalosa que me envergonha e uma mania ridícula de imitar a Madonna nas pistas de dança.Eu sei de cor tudo o que tenho que fazer para dar certo, mas tenho medo da responsabilidade de ser notada. Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar. Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada, de preferência todos juntos. Adoro o som de crianças num parquinho. Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega. Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz.
Tenho crises de pânico mas nunca tomei nenhum remédio, acho normal que às vezes o ar se despeça do meu mundinho fechado e me faça vagar pela falta de pressão do universo. Minha mão fica tão gelada e meu coração tão quente que eu pareço um petit-gateau. Tenho medo de vomitar e não parar nunca mais de vomitar.
De bater a cabeça desmaiada na pia e morrer solitariamente. Eu cansei de papo furado à luz de velas, eu cansei da ansiedade e da ilusão de princesa. Eu prefiro um DVD e um pijamão e todas as minhas guloseimas no armário da cozinha. Mentira. Tudo mentira. Eu corro atrás o tempo todo. Não vou falar de nada que não seja meu umbigo. Sou essa mala monotemática mesmo, chata, obsessiva, mas que ama muito mais do que odeia.
Também vivo à espera "daquele momento", mas ele está sempre um passo à frente de mim. Como uma criança enganada pelo adulto que lhe promete um doce, me iludo a cada dia na expectativa de realiar coisas que ainda não fiz, gostos que ainda não provei, emoções que ainda não senti.
ResponderExcluirE assim vou correndo atrás da vida, no desejo secreto de que ela nunca se canse dessa brincadeira moleque que é me faz sonhar e...viver!