quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Muito Prazer.

  

Eu tenho medos bobos e coragens absurdas. Eu vivo cercada de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível. Eu preciso de sal e açúcar para não virar os olhos de pressão baixa e hipoglicemia.

Escrevo por três motivos simples: preciso aparecer e não sou bonita o suficiente, preciso matar o tempo e preciso não morrer. Sou fútil, entro em pânico pela moda, mas meto um chinelinho pra parecer desencanada. Sou romântica, entro em pânico por não ser amada. Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei momento é esse. Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais.

Eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa irônica. Eu tenho uma risada escandalosa que me envergonha e uma mania ridícula de imitar a Madonna nas pistas de dança.Eu sei de cor tudo o que tenho que fazer para dar certo, mas tenho medo da responsabilidade de ser notada. Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar. Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada, de preferência todos juntos. Adoro o som de crianças num parquinho. Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega. Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz.

Tenho crises de pânico mas nunca tomei nenhum remédio, acho normal que às vezes o ar se despeça do meu mundinho fechado e me faça vagar pela falta de pressão do universo. Minha mão fica tão gelada e meu coração tão quente que eu pareço um petit-gateau. Tenho medo de vomitar e não parar nunca mais de vomitar.

De bater a cabeça desmaiada na pia e morrer solitariamente. Eu cansei de papo furado à luz de velas, eu cansei da ansiedade e da ilusão de princesa. Eu prefiro um DVD e um pijamão e todas as minhas guloseimas no armário da cozinha. Mentira. Tudo mentira. Eu corro atrás o tempo todo. Não vou falar de nada que não seja meu umbigo. Sou essa mala monotemática mesmo, chata, obsessiva, mas que ama muito mais do que odeia.


Um comentário:

  1. Também vivo à espera "daquele momento", mas ele está sempre um passo à frente de mim. Como uma criança enganada pelo adulto que lhe promete um doce, me iludo a cada dia na expectativa de realiar coisas que ainda não fiz, gostos que ainda não provei, emoções que ainda não senti.
    E assim vou correndo atrás da vida, no desejo secreto de que ela nunca se canse dessa brincadeira moleque que é me faz sonhar e...viver!

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